O Presidente do Conselho Diretivo da Secção Regional Centro da OET, Engenheiro Técnico Luis Filipe Almeida e o especialista em estruturas de engenharia civil, Engenheiro Técnico Carlos Rente, professor no Politécnico de Tomar foram os convidados do Programa da Manhã (RRC) do dia 9 de janeiro, cujo tema versou o recente terramoto no Japão e a análise das consequências de um desastre natural similar em Portugal.
A questão da proteção das pessoas e bens, bem como da própria economia em geral, foi um dos aspetos abordados pelo Engenheiro Técnico Luís Almeida referindo que compete à OET, enquanto instituição representativa dos profissionais responsáveis pela área, garantir a estabilidade dos edifícios e, por conseguinte, a elaboração de projetos e execução das obras com qualidade.
Mencionou que o nosso País não está preparado para lidar com um sismo de grande intensidade como aqueles que abalaram recentemente o Japão ou a Turquia e que os danos económicos associados a um evento desse tipo seriam suportados com enorme dificuldade. Frisou ainda que o trabalho da Engenharia Civil é realçado após a ocorrência de uma catástrofe natural, pelo que se deve valorizar todo o trabalho de preparação que possa contribuir para a redução do risco sísmico.
O Engenheiro Técnico Carlos Rente referiu que o Japão é um país que deve ser visto como referência na abordagem aos problemas da sismicidade e da engenharia sísmica, tendo desde há anos adotado uma estratégia nacional que lhe permite garantir a qualidade dos projetos, da construção e da fiscalização das obras de engenharia civil e essa resiliência sísmica é a explicação para o reduzido número de vítimas mortais e o bom desempenho dos edifícios quando se compara com o resultado catastrófico que ocorreu em sismos recentes noutros países, como é o caso da Turquia, Síria ou Marrocos.
Confrontado sobre a realidade Portuguesa relativa a estes aspetos, mencionou que não obstante a entrada em vigor de regulamentação recente que visa o aumento da resiliência sísmica dos edifícios, como é o caso da Portaria nº 302 de 2019, que estabelece os casos em que deve ser elaborado um relatório de avaliação da vulnerabilidade sísmica dos edifícios e eventual projeto de reforço sísmico, seria desejável que essas medidas fossem implementadas de forma consistente pelas autarquias das regiões com maior sismicidade, realçando o excelente trabalho que tem sido desenvolvido neste domínio pela Câmara Municipal de Lisboa, através do programa ReSist.
Finalizando a entrevista, o Engenheiro Técnico Luís Almeida referiu ainda o trabalho que a OET tem vindo a realizar juntamente com outras Ordens Profissionais, com instituições de ensino superior, o LNEC, a SPES e outras entidades, nomeadamente na participação em audições na Assembleia da República sobre esta matéria, na divulgação dos aspetos regulamentares e das boas práticas de dimensionamento e de reforço sísmico ou na promoção da formação dos seus membros, contribui para tornar Portugal, a sua população e os seus edifícios mais seguros e o País mais resiliente aos sismos.